sábado, 4 de agosto de 2012

Dia 3 - A inculturação continua


A noite passada foi animada. Após o encontro com o Pe. Carlitos algumas cabeças começaram a funcionar a alta rotação e começou o turbilhão de ideias que se prolongou um pouco pela noite fora. Foi necessário que os inquilinos do rés do chão da casa dos voluntários manifestassem o seu gosto por dormir… depois de alguns cochichos tudo voltou ao normal. E Assim dormimos como anjinhos.
Este dia foi marcado pela continuada inculturação com o Pe. Ciscato. Na parte da manhã, em duas sessões, o nosso antropólogo falou-nos dos funerais, ritos fúnebres e culto aos mortos, algo importante da cultura tradicional dos lomwe. Não pensem que foi um discurso depressivo, pois é isso que se pensa quando falamos em morte!
Em primeiro lugar a morte é vivida como um acontecimento familiar e comunitário. O grito e o choro iniciais são um alerta aos familiares que vivem ali perto e que acorrem em sinal de solidariedade.
Em segundo lugar, a morte é vista como passagem, como algo natural da vida humana, começando assim uma nova realidade. Por isso, eles fazem da sepultura uma segunda casa, onde colocam os utensílios que a pessoa falecida usava e precisará para a nova realidade que começa.
Em terceiro lugar, a morte marca para a família um novo começo. Normalmente os familiares mais próximos rapam o cabelo (a não ser que se suspeitem de culpa pela morta da vítima) e vão tomar banho ao rio. Há algumas situações em que a casa da pessoa falecida é destruída, tendo os outros membros dessa casa ter de construir uma nova casa. É o início de uma nova vida.

Na parte da tarde fomos visitar um dos locais significativos da presença dos dehonianos em Moçambique. Estivemos naquele lugar que foi a primeira comunidade dos missionários dehonianos em Moçambique. Refiro-me a Malua, a poucos quilómetros do Alto Molócuè.
Nesse local destaca-se uma imponente igreja, que em tempos foi o centro da missão, onde acorriam todas as comunidades para a celebração da eucaristia dominical.
A partir dos anos 70, com os influxos do Concílio Vaticano II os missionários começaram a deslocar-se às pequenas comunidades, método que actualmente conhecido pelas comunidades ministeriais. Hoje esta grande igreja é só usada pela comunidade local regularmente e sendo actualmente um santuários de devoção a Maria Rainha do Mundo.
Entusiastamente o pe. Ciscato falou-nos dos primeiros anos dos missionários e de algumas aventuras durante o período da guerra civil.

Assim finalizamos a nossa inculturação massiva que o pe. Ciscato nos fez. É um privilégio uma oportunidade como estas para conhecer uma cultura, com a simplicidade e sabedoria prática de um homem que há tantos anos vive com este povo.
O nosso grande obrigado ao pe. Ciscato e ao seu testemunho simples e autêntico.

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