domingo, 18 de agosto de 2013

16º dia pelo Alto Molócuè - 18 de Agosto de 2013

O dia começou cedo como habitualmente. É domingo e estamos sem actividades letivas.  Às 06h00 já se diziam laudes e saímos com o padre Onório para a comunidade de Nassupi onde se diria missa dominical. Depois de uma pequena paragem para entrega de duas sacas de cimento e mais de 50km em estrada de terra, com três corajosas voluntárias na caixa de carga da carrinha, lá chegamos e fomos recebidos com cânticos de boas-vindas.
A missa que se iniciou daí a meia hora, foi especial porque comportou 6 batismos e uma primeira comunhão para além do habitual ambiente alegre e dinâmico que a liturgia comporta por estas paragens. Um frenesim, num espaço confinado, de terra batida, simples, pobre e ainda assim como nos sentimos “em casa”?!
São-nos dadas todas as atenções. Os mais novos ficam boquiabertos a olhar para estes “extraterrestres”. Os adultos esforçam-se por nos darem todas as explicações bem como o maior conforto. Sentimo-nos até constrangidos, pois as cadeiras são para nós (um luxo), trazem-nos água para nos lavarmos, e oferecem uma refeição de arroz, eschima e frango na melhor casa que ainda assim não terá mais de 9 metros quadrados e 2,20m de pé direito, com paredes de adobe e cobertura de capim.
Chegados ao carro, temos a caixa de carga com bananas e galinhas para companhia dos voluntários! Regressamos ao Alto Molócuè para descarregar os víveres e preparar a saída da tarde.
À chegada à Pequena Família da Ressureição, o irmão António recebeu-nos calorosamente, tendo interrompido a Noa e disponibilizou-se para guiar-nos até à obra do mosteiro masculino. A propriedade é grande e ainda fizemos 5 minutos de carro até chegar ao local onde se erguem paredes a blocos de cimento (uma raridade por estas partes), feitos no local artesanalmente :o e depois de montados, são revestidos a pedra para um aspeto estético mais simpático para além de uma manutenção inexistente.
Foi no espaço onde se situará o claustro que perguntamos, o que faz um monge? “Nada!” – disse o irmão António. “Aqui contemplamos a vida, buscando incessantemente Cristo e lidamos com o nosso maior inimigo, o interno.”
Estou certamente a resumir em meia dúzia de palavras uma resposta mais longa e profunda mas será tanto quanto me lembro de ouvir…
Depois decidiu-se subir até à parte superior do monte Rurupi, o que foi uma aventura pois o percurso está coberto de capim e a tração integral teve de ser requisitada. Algum tempo depois chegámos a uma plataforma natural onde nos deslumbramos com o cenário paisagístico e como sempre com um entardecer fantástico com o sol de um lado do monte e a lua do outro.
E como já entardecia, rapidamente descemos, sem evitar parar no pomar de toranjas para recolher uma saca e uma paragem junto ao mosteiro actual, onde fomos recebidos por toda a comunidade e presenteados com um bolo e sumo de limão de outra dimensão.

E assim regressamos a casa. Até amanhã!
Nuno Perry

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