O dia começou cedo como
habitualmente. É domingo e estamos sem actividades letivas. Às 06h00 já se diziam laudes e saímos com o
padre Onório para a comunidade de Nassupi onde se diria missa dominical. Depois
de uma pequena paragem para entrega de duas sacas de cimento e mais de 50km em
estrada de terra, com três corajosas voluntárias na caixa de carga da carrinha,
lá chegamos e fomos recebidos com cânticos de boas-vindas.
A missa que se iniciou daí a
meia hora, foi especial porque comportou 6 batismos e uma primeira comunhão
para além do habitual ambiente alegre e dinâmico que a liturgia comporta por
estas paragens. Um frenesim, num espaço confinado, de terra batida, simples,
pobre e ainda assim como nos sentimos “em casa”?!
São-nos dadas todas as
atenções. Os mais novos ficam boquiabertos a olhar para estes
“extraterrestres”. Os adultos esforçam-se por nos darem todas as explicações
bem como o maior conforto. Sentimo-nos até constrangidos, pois as cadeiras são
para nós (um luxo), trazem-nos água para nos lavarmos, e oferecem uma refeição
de arroz, eschima e frango na melhor casa que ainda assim não terá mais de 9
metros quadrados e 2,20m de pé direito, com paredes de adobe e cobertura de
capim.
Chegados ao carro, temos a
caixa de carga com bananas e galinhas para companhia dos voluntários!
Regressamos ao Alto Molócuè para descarregar os víveres e preparar a saída da
tarde.
À chegada à Pequena Família da
Ressureição, o irmão António recebeu-nos calorosamente, tendo interrompido a
Noa e disponibilizou-se para guiar-nos até à obra do mosteiro masculino. A
propriedade é grande e ainda fizemos 5 minutos de carro até chegar ao local
onde se erguem paredes a blocos de cimento (uma raridade por estas partes),
feitos no local artesanalmente :o e depois de montados, são revestidos a pedra
para um aspeto estético mais simpático para além de uma manutenção inexistente.
Foi no espaço onde se situará
o claustro que perguntamos, o que faz um monge? “Nada!” – disse o irmão
António. “Aqui contemplamos a vida, buscando incessantemente Cristo e lidamos
com o nosso maior inimigo, o interno.”
Estou certamente a resumir em
meia dúzia de palavras uma resposta mais longa e profunda mas será tanto quanto
me lembro de ouvir…
Depois decidiu-se subir até à
parte superior do monte Rurupi, o que foi uma aventura pois o percurso está
coberto de capim e a tração integral teve de ser requisitada. Algum tempo
depois chegámos a uma plataforma natural onde nos deslumbramos com o cenário
paisagístico e como sempre com um entardecer fantástico com o sol de um lado do
monte e a lua do outro.
E como já entardecia,
rapidamente descemos, sem evitar parar no pomar de toranjas para recolher uma
saca e uma paragem junto ao mosteiro actual, onde fomos recebidos por toda a
comunidade e presenteados com um bolo e sumo de limão de outra dimensão.
E assim regressamos a casa.
Até amanhã!
Nuno Perry
Sem comentários:
Enviar um comentário