terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pelo Guruè com os missionários dehonianos


A missão do grupo de voluntariado neste dia será no Gurué, mais especificamente no Centro Polivalente Leão Dehon sob a responsabilidade dos padres dehonianos. O Padre Ilário, que esteve muitos anos responsável pelo centro, foi o nosso cicerone. Aos voluntários Isabel Portugal, Marta e Gonçalo foi –lhes destinado dar nova vida  aos computadores existentes para poderem ser funcionais aos alunos que ainda não têm conhecimento de informática, enquanto que a voluntária Claúdia irá partilhar e implementar ideias ao nível da agro-pecuária, juntamente com os outros técnicos do centro.

Neste dia partimos do Centro Juvenil do Padre Dehon ( Alto Molucué) muito cedo. A viagem até Gurué durou quase três horas. Dado Gurué ser a localidade das plantações de chá dos grandes empressários, tivemos a sorte do percurso de ida ter sido em caminho alcatroado.
Gurué ou Gurúè é uma cidade de Moçambique, sede do distrito do mesmo nome. Desde 1998 é um dos 43 municípios do país, com um governo local eleito. É também o centro da zona onde se encontram as maiores plantações de chá do país. A cidade do Gurué, que antes da independência chamava-se Vila Junqueiro, tem uma área 107 km² e, de acordo com o Censo de 1997, uma população de 99 325 habitantes ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Guru%C3%A9 ).
À chegada ao Gurué foi vísvel a beleza do verde das plantas de chá. Um verde escuro brilhante, associado a um céu claro com umas nuvens branca, faz deste cenário um retrato do Céu. Em contrapartida, os caminhos nesta localidade, ou até de uma forma geral em vários sítios na África, não são muito acessiceís, pois  são maioritariamente de terra e muito acidentados. Só um condutor muito experiente pode resistir a tanto desnível.
No Gurué, no meio das plantações verdes de chá, o grupo de voluntariado visitou a Santinha. A Santinha corresponde a um belo altar, feito na rocha de onde está uma bela imagem da Virgem Maria, vinda de Fátima, ao lado encontra-se uma nascente de agua, natural, cristalina. E foi em frente a esta nascente que o grupo de voluntariado decidiu tirar algumas fotos. Continuamos o percurso acidentado, devido as manobras de condução precisas para subir o agreste caminho e chegar até a Casa das Noivas. A Casas das Noivas era o local onde as noivas tiravam as suas fotografias. Esta casa estava completamente destruída e abandonada, fruto de disputas. Segundo testemunhos, em 2009 era um local líndissimo e luxuoso e que agora estava reduzido a ruínas.
Na chegada ao Centro Polivalente Padre Dehon conhecemos o Padre Ilário. Um homem delgado, alto, dinâmico, de carácter impulsionador, mostrou-nos a obra à qual dedicou toda a sua vida.
A sua ação, juntamente com a equipa a ele associada, começou do NADA.
Após a guerra civil devido a nacionalização, os missionários desta localidade foram expropriados. No entanto, e graças a luta desmedida dos missionários e aos seus pedidos, conseguiram ficar com uma pequena casa. Após a independência, já foi possível iniciar novos projetos, do qual o Padre Ilário é um dos principais promotores.
No centro polivalente Padre Dehon encontra-se uma diversidade de atividades... é como se fosse um núcleo/génese de uma futura cidade a nascer: a fábrica de óleo; a fábrica de farinha (com a existência de cinco moinhos para o milho, mandioca e mapira); mêcanica, criação de animais (agropecuária); carpintaria; padaria.
Ainda possui salas de aulas destinadas a administração de cursos profissionais ao nível do ensino básico, tais como: mecânica; electricidade; e curso de agro-pecuária. Os alunos que frequentam estas aulas possuem uniforme de igual forma para todos.
Existe ainda uma biblioteca e dois laboratórios: um laboratório de Química e outro  de  práticas de montagem eléctricas e de máquinas. Há ainda uma sala de conferências para a realização de conselhos coordenadores de educação e saúde, entre outros.
O Padre Ilário pretende ainda construir: um centro social, secretária, gabinetes para professores, casa de banho, novas salas de aulas.
Ainda tem uma casa para acolhimento de hóspedes ou visitantes com cerca de 50 quartos. Essa casa foi construida para ser noviciado, mas devido ao reduzido número destes, foram transferidos para Milevane. Além desta tem uma casa para receber voluntários.
E é para Milhavane que as voluntárias Nélia e Marlin, juntamente com o Padre Juan foram, uma vez que os restantes voluntários ficaram no Gurué, para a missão a que lhes foi destinada. Chegamos ao anoitecer. Neste encontro ficamos a conhecer o interior da casa onde os noviços ficam em formação durante um ano, antes de fazerem a primeira profissão. E conhecemos dois noviços que lá se encontravam. Além da vivência da espiritualidade nesta casa, nos fins de semana os noviços vão em missão. São pelo menos cem comunidades as quais terão que evangelizar e servir.
Milevane é um sítio isolado rodeado por grandes hectares de terreno com erva, pertencente aos Dehonianos. Encontra-se também nesta mesma área o cemitério dos Missionários Dehonianos, sobretudo os de origem Italiana e também um religioso Moçambicano. Os três missionários portugueses que trabalharam nestas terras, acabaram por morrer em Portugal.
No cemitério dos missionários encontrava-se uma mensagem escrita numa placa que revelava o Lema do Amor a JESUS CRISTO com que estes viveram a sua vida e que muitos outros missionários, ainda hoje em dia continuam a viver, entregando completamente a sua vida e ações a Deus. E assim na placa estava escrito: “Nem a MORTE, nem a VIDA, nem PRESENTE, nem FUTURO. NADA nos pode separar do AMOR de CRISTO.”
Continuamos a viagem, mas já era noite. A inexistência de iluminação no percurso, tornou a noite escura tal como ela própria, e nessa escuridão chegamos a Nuela, considerado o centro de missão do Gurué. Na realidade este centro corresponde a uma igreja e várias casas onde os catequistas tinham a sua formação. Entramos no seu interior: apesar da escuridão, o flash da máquina fotográfica e a luz dos telemoveís, permitiu-nos observar que na parede estava uma linda imagem do Sagrado Coração de Jesus, com a sua típica cor vermelho e branco e os braços abertos. Foi uma bela descoberta no meio de tanta escuridão.
Continuamos a viagem de regresso até o Centro Juvenil do Alto Molubué, no meio dos matos africanos, tendo como iluminação, algumas fogueiras resultantes das queimadas feitas pela população desses sítios.
Ao estarmos próximo do Alto Molucué já foi possivel observar iluminação eletrica e o movimento de mercado com pessoas. E assim foi mais um dia de aventura, muito bem vivido, cheio de surpressas e emoções.


Marlin Gonçalves

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