A missão do grupo de voluntariado neste dia
será no Gurué, mais especificamente no Centro Polivalente Leão Dehon sob a
responsabilidade dos padres dehonianos. O Padre Ilário, que esteve muitos anos
responsável pelo centro, foi o nosso cicerone. Aos voluntários Isabel Portugal,
Marta e Gonçalo foi –lhes destinado dar nova vida aos computadores existentes para poderem ser
funcionais aos alunos que ainda não têm conhecimento de informática, enquanto
que a voluntária Claúdia irá partilhar e implementar ideias ao nível da
agro-pecuária, juntamente com os outros técnicos do centro.
Neste dia partimos do Centro Juvenil do Padre
Dehon ( Alto Molucué) muito cedo. A viagem até Gurué durou quase três horas.
Dado Gurué ser a localidade das plantações de chá dos grandes empressários,
tivemos a sorte do percurso de ida ter sido em caminho alcatroado.
Gurué ou Gurúè é uma cidade de Moçambique,
sede do distrito do mesmo nome. Desde 1998 é um dos 43 municípios do país, com
um governo local eleito. É também o centro da zona onde se encontram as maiores
plantações de chá do país. A cidade do Gurué, que antes da independência
chamava-se Vila Junqueiro, tem uma área 107 km² e, de acordo com o Censo de
1997, uma população de 99 325 habitantes ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Guru%C3%A9
).
À chegada ao Gurué foi vísvel a beleza do
verde das plantas de chá. Um verde escuro brilhante, associado a um céu claro
com umas nuvens branca, faz deste cenário um retrato do Céu. Em contrapartida,
os caminhos nesta localidade, ou até de uma forma geral em vários sítios na
África, não são muito acessiceís, pois
são maioritariamente de terra e muito acidentados. Só um condutor muito
experiente pode resistir a tanto desnível.
No Gurué, no meio das plantações verdes de
chá, o grupo de voluntariado visitou a Santinha. A Santinha corresponde a um
belo altar, feito na rocha de onde está uma bela imagem da Virgem Maria, vinda
de Fátima, ao lado encontra-se uma nascente de agua, natural, cristalina. E foi
em frente a esta nascente que o grupo de voluntariado decidiu tirar algumas
fotos. Continuamos o percurso acidentado, devido as manobras de condução
precisas para subir o agreste caminho e chegar até a Casa das Noivas. A Casas
das Noivas era o local onde as noivas tiravam as suas fotografias. Esta casa
estava completamente destruída e abandonada, fruto de disputas. Segundo
testemunhos, em 2009 era um local líndissimo e luxuoso e que agora estava
reduzido a ruínas.
Na chegada ao Centro Polivalente Padre Dehon
conhecemos o Padre Ilário. Um homem delgado, alto, dinâmico, de carácter impulsionador,
mostrou-nos a obra à qual dedicou toda a sua vida.
A sua ação, juntamente com a equipa a ele
associada, começou do NADA.
Após a guerra civil devido a nacionalização,
os missionários desta localidade foram expropriados. No entanto, e graças a
luta desmedida dos missionários e aos seus pedidos, conseguiram ficar com uma
pequena casa. Após a independência, já foi possível iniciar novos projetos, do
qual o Padre Ilário é um dos principais promotores.
No centro polivalente Padre Dehon encontra-se
uma diversidade de atividades... é como se fosse um núcleo/génese de uma futura
cidade a nascer: a fábrica de óleo; a fábrica de farinha (com a existência de
cinco moinhos para o milho, mandioca e mapira); mêcanica, criação de animais
(agropecuária); carpintaria; padaria.
Ainda possui salas de aulas destinadas a
administração de cursos profissionais ao nível do ensino básico, tais como:
mecânica; electricidade; e curso de agro-pecuária. Os alunos que frequentam
estas aulas possuem uniforme de igual forma para todos.
Existe ainda uma biblioteca e dois
laboratórios: um laboratório de Química e outro de
práticas de montagem eléctricas e de máquinas. Há ainda uma sala de
conferências para a realização de conselhos coordenadores de educação e saúde,
entre outros.
O Padre Ilário pretende ainda construir: um
centro social, secretária, gabinetes para professores, casa de banho, novas
salas de aulas.
Ainda tem uma casa para acolhimento de
hóspedes ou visitantes com cerca de 50 quartos. Essa casa foi construida para
ser noviciado, mas devido ao reduzido número destes, foram transferidos para
Milevane. Além desta tem uma casa para receber voluntários.
E é para Milhavane que as voluntárias Nélia e
Marlin, juntamente com o Padre Juan foram, uma vez que os restantes voluntários
ficaram no Gurué, para a missão a que lhes foi destinada. Chegamos ao anoitecer.
Neste encontro ficamos a conhecer o interior da casa onde os noviços ficam em formação
durante um ano, antes de fazerem a primeira profissão. E conhecemos dois
noviços que lá se encontravam. Além da vivência da espiritualidade nesta casa, nos
fins de semana os noviços vão em
missão. São pelo menos cem comunidades as quais terão que
evangelizar e servir.
Milevane é um sítio isolado rodeado por
grandes hectares de terreno com erva, pertencente aos Dehonianos. Encontra-se
também nesta mesma área o cemitério dos Missionários Dehonianos, sobretudo os de
origem Italiana e também um religioso Moçambicano. Os três missionários
portugueses que trabalharam nestas terras, acabaram por morrer em Portugal.
No cemitério dos missionários encontrava-se uma
mensagem escrita numa placa que revelava o Lema do Amor a JESUS CRISTO com que
estes viveram a sua vida e que muitos outros missionários, ainda hoje em dia
continuam a viver, entregando completamente a sua vida e ações a Deus. E assim
na placa estava escrito: “Nem a MORTE, nem a VIDA, nem PRESENTE, nem FUTURO.
NADA nos pode separar do AMOR de CRISTO.”
Continuamos a viagem, mas já era noite. A
inexistência de iluminação no percurso, tornou a noite escura tal como ela
própria, e nessa escuridão chegamos a Nuela, considerado o centro de missão do
Gurué. Na realidade este centro corresponde a uma igreja e várias casas onde os
catequistas tinham a sua formação. Entramos no seu interior: apesar da
escuridão, o flash da máquina fotográfica e a luz dos telemoveís, permitiu-nos
observar que na parede estava uma linda imagem do Sagrado Coração de Jesus, com
a sua típica cor vermelho e branco e os braços abertos. Foi uma bela descoberta
no meio de tanta escuridão.
Continuamos a viagem de regresso até o Centro
Juvenil do Alto Molubué, no meio dos matos africanos, tendo como iluminação, algumas
fogueiras resultantes das queimadas feitas pela população desses sítios.
Ao estarmos próximo do Alto Molucué já foi
possivel observar iluminação eletrica e o movimento de mercado com pessoas. E
assim foi mais um dia de aventura, muito bem vivido, cheio de surpressas e
emoções.
Marlin Gonçalves
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