A noite passada foi animada. Após o encontro com o Pe.
Carlitos algumas cabeças começaram a funcionar a alta rotação e começou o
turbilhão de ideias que se prolongou um pouco pela noite fora. Foi necessário
que os inquilinos do rés do chão da casa dos voluntários manifestassem o seu
gosto por dormir… depois de alguns cochichos tudo voltou ao normal. E Assim
dormimos como anjinhos.
Este dia foi marcado pela continuada inculturação com o
Pe. Ciscato. Na parte da manhã, em duas sessões, o nosso antropólogo falou-nos
dos funerais, ritos fúnebres e culto aos mortos, algo importante da cultura
tradicional dos lomwe. Não pensem que foi um discurso depressivo, pois é isso
que se pensa quando falamos em morte!
Em primeiro lugar a morte é vivida como um acontecimento
familiar e comunitário. O grito e o choro iniciais são um alerta aos familiares
que vivem ali perto e que acorrem em sinal de solidariedade.
Em segundo lugar, a morte é vista como passagem, como
algo natural da vida humana, começando assim uma nova realidade. Por isso, eles
fazem da sepultura uma segunda casa, onde colocam os utensílios que a pessoa
falecida usava e precisará para a nova realidade que começa.
Em terceiro lugar, a morte marca para a família um novo
começo. Normalmente os familiares mais próximos rapam o cabelo (a não ser que
se suspeitem de culpa pela morta da vítima) e vão tomar banho ao rio. Há algumas
situações em que a casa da pessoa falecida é destruída, tendo os outros membros
dessa casa ter de construir uma nova casa. É o início de uma nova vida.
Na parte da tarde fomos visitar um dos locais
significativos da presença dos dehonianos em Moçambique. Estivemos naquele
lugar que foi a primeira comunidade dos missionários dehonianos em Moçambique.
Refiro-me a Malua, a poucos quilómetros do Alto Molócuè.
Nesse local destaca-se uma imponente igreja, que em
tempos foi o centro da missão, onde acorriam todas as comunidades para a
celebração da eucaristia dominical.
A partir dos anos 70, com os influxos do Concílio
Vaticano II os missionários começaram a deslocar-se às pequenas comunidades,
método que actualmente conhecido pelas comunidades ministeriais. Hoje esta
grande igreja é só usada pela comunidade local regularmente e sendo actualmente
um santuários de devoção a Maria Rainha do Mundo.
Entusiastamente o pe. Ciscato falou-nos dos primeiros
anos dos missionários e de algumas aventuras durante o período da guerra civil.
Assim finalizamos a nossa inculturação massiva que o pe.
Ciscato nos fez. É um privilégio uma oportunidade como estas para conhecer uma
cultura, com a simplicidade e sabedoria prática de um homem que há tantos anos
vive com este povo.
O nosso grande obrigado ao pe. Ciscato e ao seu
testemunho simples e autêntico.
Sem comentários:
Enviar um comentário